O Carnaval do Nordeste de Amaralina, que começou como um modesto arrastão para crianças, tornou-se um dos maiores eventos culturais da comunidade. O crescimento exponencial dessa manifestação, marcada pela energia, criatividade e o esforço de diversos blocos e artistas locais, deveria ser motivo de celebração. Porém, nos bastidores dessa festa grandiosa, existe uma problemática que se repete ano após ano: a falta de recursos e transparência na gestão do evento.
Todo ano, as conversas se repetem. Questões como “cadê o dinheiro?”, “fulano roubou”, ou “ciclano está controlando os recursos” são levantadas, refletindo a insatisfação com a má gestão do evento. A frustração cresce diante da dificuldade que blocos, artistas e organizações enfrentam para garantir sua participação, enquanto políticos e outros interesses tiram proveito de um evento que deveria beneficiar, acima de tudo, a comunidade que o sustenta.
A verdade é que o carnaval do Nordeste de Amaralina se transformou em uma verdadeira mina de ouro, atraindo atenção não só pelos talentos e pela festa em si, mas também pelos recursos movimentados para viabilizá-lo. Contudo, a ausência de um gerenciamento eficiente e transparente tem alimentado desconfianças e prejudicado as estruturas que tornam esse evento possível.
Essa falta de clareza no uso e na destinação dos recursos impede que muitos grupos recebam o apoio necessário. Blocos pequenos, que trazem música e diversão, frequentemente encontram barreiras, enquanto projetos maiores muitas vezes veem recursos escoarem para mãos alheias. A consequência é um Carnaval construído sobre dificuldades para quem trabalha incansavelmente por ele, enquanto benefícios reais escorrem pelos dedos de quem deveria ser beneficiado.
O Carnaval é mais do que uma festa. É uma plataforma que dá voz e visibilidade ao Nordeste de Amaralina, mostrando toda a riqueza cultural da comunidade para a cidade e o mundo. O evento, que carrega a essência e o suor da favela, merece um comprometimento maior de quem detém o poder de garantir que todos, desde o menor artista até os maiores blocos, tenham suas contribuições devidamente reconhecidas e respeitadas.
A solução passa, inevitavelmente, por uma gestão que priorize a transparência e elimine as brechas para desconfiança. É hora de se perguntar: qual o preço de continuar permitindo que o brilho do Carnaval seja ofuscado por interesses escusos? E mais: qual o potencial deste evento, se organizado de forma justa, participativa e honesta?
A comunidade do Nordeste de Amaralina já demonstrou seu poder criativo e sua capacidade de tornar o impossível real. Que essa força coletiva agora exija respostas claras, recursos bem aplicados e um carnaval onde todos possam brilhar sem carregar o peso de tantas incertezas.
