A história do Quartel de Amaralina é um capítulo importante da defesa da Bahia. Sua construção faz parte de um projeto de fortificação idealizado por Thomé de Souza, fundador de Salvador, que buscava criar uma defesa sólida e resistente na região. Com a necessidade de proteger a primeira capital brasileira de possíveis ataques, foram erguidas fortalezas com muralhas espessas e imensos canhões, tanto à beira-mar quanto próximo à orla. Entre essas fortificações, destacam-se as de Santo Antônio da Barra, Santa Maria, São Diogo, São Pedro, São Marcelo, Barbalho, Santo Antônio, Santo Alberto (conhecido como Lagartixa) e Monte Serrat.
Entretanto, com a evolução dos métodos de batalha e o passar do tempo, essas fortalezas deixaram de cumprir suas funções militares e muitas delas caíram no esquecimento. Infelizmente, a falta de valorização da história levou à limitação e ao abandono da maioria desses monumentos.
Após o término dos conflitos, a administração do Quartel de Amaralina passou para o exército, que expandiu suas funções. Foram construídas grandes garagens ao longo da avenida, que abrigavam caminhões e veículos equipados com canhões, possivelmente tanques.
Desapropriação de Amaral
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A desapropriação da Fazenda Amaralina foi um evento significativo na história do bairro. O terreno onde atualmente se encontra o quartel militar foi herdado por José Inácio do Amaral, que residia em sua mansão nas terras.
A área era muito mais do que um quartel militar. Onde atualmente é a capela dentro do quartel, no passado, era um sítio onde Inácio Amaral criava ovelhas, carneiros e cavalos. Seu terreno se estendia até o Rio Vermelho, chegando até a região onde hoje se encontra um mercado.
A desapropriação ocorreu devido à instalação do quartel, que, segundo relatos, ocorreu em uma série de eventos trágicos.
Os soldados, vindos do Rio de Janeiro, estavam sob o comando do falecido “Forromber”, um militar que teve a vida ceifada durante um conflito no navio em que viajava. Este episódio ocorreu devido a um bombardeio que vitimou o comandante e seus soldados.
Logo após a perda de Forromber, a área de Amaralina viu um grande número de casas sendo tomadas pelos militares. Eles ocuparam não apenas as residências, mas também pontos importantes da região, incluindo a igreja, uma extensa parte de terras e, notavelmente, a casa que pertencia a Amaral, o proprietário das terras, que passou a ser utilizada como quartel militar e residência dos soldados.
Inácio Amaral, após perder seus terrenos, mudou-se para outra área do bairro e alugou uma casa. No entanto, a perda de sua propriedade e a tristeza que isso causou agravaram sua saúde, o deixando sempre doente. Sua família, mais tarde, comprou a casa na qual eles passaram a residir.
O relato é de seu Aloisio Melo, um pescador que viveu na região desde 1937, é uma lembrança vívida de como a chegada do quartel militar afetou a vida das pessoas e a paisagem do bairro.
O Quartel de Amaralina na Atualidade
O antigo Quartel de Artilharia de Amaralina é uma parte importante da história da Bahia. Após o término dos conflitos, o Exército assumiu o controle das instalações, ampliando suas funções para além da defesa militar. Isso incluiu a construção de garagens e outras estruturas que passaram a abrigar equipamentos e veículos. Hoje, esse espaço é utilizado como um clube e hotel privado exclusivo para oficiais.
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A localização do Quartel de Artilharia de Amaralina é verdadeiramente privilegiada, sendo reconhecida por muitos como a melhor posição na Praia de Amaralina. O quartel desfruta de uma vista deslumbrante do oceano, proporcionando um cenário espetacular que o torna uma referência na região.
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O Descaso com o Patrimônio Histórico
Para possibilitar que os moradores do Nordeste de Amaralina tenham acesso ao antigo Quartel de Artilharia de Amaralina, poderiam ser exploradas alternativas como a transformação do espaço em um centro cultural ou museu, aberto ao público. Inspirando-se nos exemplos de outros monumentos históricos na Bahia, como o Forte São Diogo, Santa Maria e o Farol da Barra, que são acessíveis a visitantes e turistas, o Quartel poderia ser revitalizado para contar a história local e contribuir para o enriquecimento cultural da região. Essa ação não apenas preservaria o patrimônio histórico, mas também ofereceria aos soteropolitanos a oportunidade de conhecer e valorizar a rica história da região.