A capoeira, uma expressão cultural única que combina luta, dança, música e brincadeira, é uma parte intrínseca da herança brasileira. Suas raízes profundas remontam à época dos nossos ancestrais escravizados negros trazidos para o Brasil, que viram nela uma forma de expressar sua ânsia por liberdade.
Inicialmente, a capoeira era uma ferramenta de resistência contra a opressão, um meio de luta contra seus opressores. Ao longo do tempo, mestres dedicados estudaram e aperfeiçoaram essa arte, tornando-a mais eficaz. Nesse cenário, Mestre Bimba desempenhou um papel fundamental, ao desenvolver o estilo conhecido como “Luta Regional Baiana”, tornando a capoeira mais marcial e direcionada para o combate. Esse movimento dividiu o universo da capoeira em duas vertentes: uma que preservava as tradições e outra que buscava uma capoeira mais ágil e eficiente.
Além das influências históricas, a capoeira também tem raízes em escravizados fugitivos que procuravam refúgio nos quilombos. Lá, desenvolveram movimentos inspirados em animais, que se tornaram parte integrante dessa arte. Golpes como o “pulo do macaco”, o “bote do lobo”, a “cabeçada do touro” e a “coice do cavalo” foram incorporados à capoeira, resultando na denominação “capoeira”.
No entanto, a capoeira sofreu séria repressão no Brasil, sendo declarada ilegal em muitos momentos. Na Bahia, em particular, a repressão foi intensa durante o período de 1920 a 1927, sob o comando do delegado de polícia Pedro de Azevedo Gordilho, conhecido como Pedrito. Capoeiristas e terreiros de candomblé eram perseguidos implacavelmente. Aqueles que foram capturados enfrentaram punições severas, inclusive a morte, com métodos cruéis como o “rabo de arraia”, onde eram amarrados a cavalos e arrastados em alta velocidade até o quartel de polícia.
A Região Nordeste de Amaralina, entretanto, desempenhou um papel crucial na história da capoeira, especialmente graças ao Mestre Bimba e sua capoeira regional. Sua academia no Sítio Caruano, que operou de 1950 a 1972, tornou-se um local importante para cerimônias de formatura e rodas de capoeira aos domingos. Mestre Bimba também possuía várias casas na região.
Hoje, a Região Nordeste de Amaralina continua sendo um centro vital da capoeira, tendo vários mestres, além dos renomados como Boa Gente e Bozó já falecido, que foram formados por Bimba e ampliaram o seu legado. A influência de Mestre Bimba gerou uma nova geração de mestres e professores que mantêm viva a tradição da capoeira como uma expressão cultural forte e uma poderosa forma de resistência.