Você sabia por que o bairro da Chapada se chama Chapada do Rio Vermelho? O processo de separação e segregação de Salvador percorre nossa história de uma maneira surreal. Você, que é morador do Nordeste de Amaralina, especificamente da Chapada, terá acesso através deste trabalho à sua origem e história como comunidade. Para entender esta ligação e origem do bairro, precisamos saber que toda a região Nordeste de Amaralina é filha do Rio Vermelho. Por mais que hoje existam separações territoriais, há vestígios concretos e culturais que se perduram até os dias atuais e se evidenciam ano após ano.
Ligação com o Rio Vermelho
A história da Chapada do Rio Vermelho está totalmente ligada à vida dos pescadores do Rio Vermelho. Eles não apenas caracterizaram o bairro, mas também foram fundamentais para seu desenvolvimento e auge. Imagine a cena: pequenas casas de palha alinhadas à beira-mar, onde a vida era simples e a comunidade se unia em torno da pesca. Os pescadores viviam uma vida extremamente humilde, sem conforto algum. Suas moradias, feitas de palha, mal ofereciam proteção contra os elementos. Quando um pescador conseguia construir uma casa de taipa, era um evento comunitário. Todos cooperavam, ajudando a erguer as paredes e, ao final, compartilhando uma feijoada para celebrar. Apesar da dureza, havia um forte senso de solidariedade e ajuda mútua.
A migração dos pescadores
Com o tempo, a chegada dos veranistas – pessoas de maior poder aquisitivo que buscavam a região para descansar – começou a modificar o Rio Vermelho. Desde a década de 1910, essas famílias traziam consigo novas construções e um estilo de vida diferente, contrastando com a simplicidade dos pescadores. As casas temporárias dos veranistas, inicialmente usadas apenas durante as férias, começaram a se tornar residências permanentes na década de 1940.
À medida que os veranistas se fixavam no Rio Vermelho, o bairro começou a se valorizar e a se transformar em uma área residencial. Esse desenvolvimento forçou os pescadores a buscarem novas moradias em regiões periféricas. Muitos se mudaram para a Chapada do Rio Vermelho, enquanto outros se estabeleceram em áreas como Vila Matos e Amaralina. Hoje, poucos pescadores ainda vivem no Rio Vermelho; a maioria reside nas redondezas ou até mais afastados.
Esta migração e segregação dos pescadores são um reflexo das mudanças sociais e urbanas que moldaram a história da Chapada do Rio Vermelho. Mesmo diante das adversidades, a herança e o espírito resiliente dos pescadores continuam a influenciar a identidade cultural da região.
Topografia e Localização
Toda a região hoje conhecida como Chapada do Rio Vermelho era uma grande mata de fazenda cortada pelo Rio Camurugipe. A área desta fazenda abrangia a extensão de terras que atualmente se conhece na região por Chapada do Rio Vermelho e Alto da Chapada. Esta área apresentava uma situação fundiária mais complicada na época do processo de loteamento, com 30% da área já ocupada, que passou a pertencer a Augusto Nasser Borges.
Por ser próxima à Santa Cruz, as delimitações da Chapada do Rio Vermelho muitas vezes são confundidas pelos órgãos públicos e até por alguns moradores. No entanto, mostramos a você toda a delimitação da área mapeada.
Herança Cultural – Festa de Iemanjá
Uma das grandes manifestações e herança cultural dos pescadores é a Festa de Iemanjá.
Com base no censo de 2010, o bairro Chapada do Rio Vermelho contava com uma população total de 21.955 habitantes,
Atualmente, existe um movimento, de certo modo silencioso e por osmose, que é a desconstrução e desrespeito com a identidade local, mudando os nomes dos bairros e da região Nordeste de Amaralina. A própria Chapada do Rio Vermelho, hoje muitas vezes chamada apenas de Chapada, sempre sofreu com esta problemática, tentando excluir o “Rio Vermelho” devido à elitização e segregação de nossa região em Salvador. Isso mostra literalmente o preconceito por ser uma comunidade periférica.