O Que Fazer Nordeste de Amaralina

A Tarde que Mudou Vidas no Colégio Polivalente de Amaralina

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Era uma tarde cotidiana no colégio Polivalente de Amaralina em 2009, quando algo inusitado aconteceu. Um antigo líder comunitário, conhecido como Almir Odun Ará, fez um convite especial para uma palestra sobre ancestralidade e história de matrizes africanas. Almir, com sua presença imponente e voz serena, visitou cada sala, convidando os alunos para se reunirem na quadra da escola.

O sol brilhava intensamente naquele dia, mas a palestra aconteceu sob a sombra acolhedora da grande árvore da quadra. Poucos sabiam, mas aquela árvore era um símbolo de Iroco, carregando um profundo significado espiritual e cultural.

Desde o início, alguns alunos que estavam acostumados a frequentar a escola sem prestar muita atenção nas aulas começaram a conversar entre si, desrespeitando o propósito da reunião. Um deles, de maneira intolerante, questionou em voz alta:

“Por que a gente veio aqui? Falar de árvore e macumba? Que maluquice!”

Almir, com calma e sabedoria, respondeu:

“Convidei cada um de vocês para participar. Ninguém é obrigado a ficar. Se não estiver interessado, pode voltar para a sala de aula.”

O aluno, em silêncio, levantou-se e saiu, levando consigo seu grupo. Menos de dez minutos de palestra haviam se passado.

Almir então perguntou aos que permaneceram:

“Alguém mais não está interessado? Quem quiser voltar para a sala, sinta-se à vontade.”

Dos 30 alunos, apenas 7 decidiram ficar. À medida que o sol baixava e o tempo passava, um a um, os alunos foram saindo, restando apenas dois adolescentes, um menino e uma menina, ambos de 14 anos e cursando a 8ª série.

Esses dois alunos, curiosos e participativos, fizeram várias perguntas e tiraram dúvidas sobre os temas abordados. A palestra se estendeu até o anoitecer, e muito conhecimento foi compartilhado. Esse dia ficou marcado para sempre na memória dos presentes.

O impacto daquela simples palestra foi tão profundo que seu legado perdura até hoje. A árvore de Iroco, que testemunhou tantas histórias, continua lá, carregando consigo a memória de um dia transformador.

Infelizmente, como muitas coisas boas no Nordeste, as palestras sobre essas temáticas foram interrompidas. Quando tudo isso aconteceu, o Beco da Cultura ainda era um centro vibrante de atividades. Embora essas ações possam ter adormecido, a árvore de Iroko permanece, lembrando a todos das histórias e conhecimentos daquele lugar especial.