O Que Fazer Nordeste de Amaralina

A única coisa que o Nordeste de Amaralina não copia do Rio de Janeiro

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Turismo na Favela e as Oportunidades que Ficam para Trás

Quando se fala em Nordeste de Amaralina, é comum ouvir o desejo de muitos moradores de “romantizar” a ideia de viver em um espaço que se assemelha ao Rio de Janeiro. A admiração pela cultura, as paisagens e até mesmo as favelas cariocas, como o Vidigal e a Rocinha, é perceptível. No entanto, há uma diferença crucial que destaca o que o Rio faz e o Nordeste de Amaralina ainda não consegue: o turismo nas favelas.

As favelas cariocas, há anos, se transformaram em verdadeiros polos de turismo. Não estamos falando apenas de visitas guiadas para conhecer o lado “desconhecido” das cidades, mas sim de uma profunda integração com a cultura, história e vida dessas comunidades. No Rio, o turismo nas favelas gera empregos, cria oportunidades e muda a narrativa, transformando o estigma da violência em potencial de desenvolvimento econômico e social.

Turismo na Favela: A Oportunidade que Escapa ao Nordeste de Amaralina

Enquanto as favelas do Rio são amplamente exploradas como destinos turísticos, o Nordeste de Amaralina ainda está longe de atingir esse potencial. Salvador é uma cidade mundialmente conhecida por suas festas, música e gastronomia, mas o turismo que movimenta a economia da capital baiana não chega às comunidades da cidade.

De acordo com dados recentes, o turismo representa cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) de Salvador, sendo um dos maiores motores econômicos da capital. Mesmo assim, a comunidade do Nordeste de Amaralina, com todo seu potencial cultural e social, não é integrada nesse circuito. O carnaval da região, único por ter o chamado circuito de trios “bate e volta” dentro de uma favela, é uma grande atração local que poderia estar nos principais roteiros turísticos de Salvador, mas isso ainda não acontece.

O Que Poderia Ser: Parque da Cidade e Turismo Ecológico

Dentro do Nordeste de Amaralina, temos o Parque da Cidade, um dos maiores pulmões verdes de Salvador. Com áreas preservadas e uma fauna local rica, o parque é uma mina de ouro para o turismo ecológico, prática que tem ganhado força em grandes cidades do mundo. O que falta? Incentivos e infraestrutura para atrair visitantes de dentro e fora da cidade.

Além disso, a gastronomia local é um dos pontos fortes da cultura do Nordeste. As fateiras, por exemplo, são um símbolo de tradição e resistência, oferecendo uma comida típica que poderia ser amplamente explorada por turistas interessados em vivenciar o sabor autêntico de Salvador. Os pratos locais, que vão da moqueca ao acarajé, já têm fama, mas o espaço para expandir esse mercado e atrair turistas é vasto.

Turismo Cultural: Uma Fonte Não Explorada

Há, ainda, um outro fator que contribui para o potencial turístico da comunidade: o turismo cultural. O Nordeste de Amaralina é berço de artistas, músicos e manifestações culturais de importância para Salvador. A Capoeira, o Samba de Roda, o Pagodão e outros estilos musicais e culturais surgem com força nas ruas da comunidade, criando uma identidade única que poderia ser promovida de forma mais ampla. No Rio, eventos culturais em favelas como a Laje do Vidigal atraem turistas do mundo todo, que desejam vivenciar a cultura diretamente da fonte.

A Transformação que Não Acontece

Mesmo com tudo isso, a realidade é que o Nordeste de Amaralina continua fora do circuito turístico de Salvador. As oportunidades geradas pelo turismo, que no Rio já transformaram comunidades e criaram empregos formais, não se refletem aqui. Há um potencial gigantesco, seja no turismo de aventura no Parque da Cidade, no turismo cultural ou na exploração da gastronomia local, mas ainda falta um projeto consolidado que integre a comunidade nesse plano.

O que o Nordeste de Amaralina precisa para seguir o caminho do Rio de Janeiro? Incentivos governamentais, apoio da iniciativa privada e, principalmente, uma mudança de narrativa que permita que as pessoas vejam a comunidade além dos estereótipos de violência e pobreza.

A favela é resistência, mas também pode ser desenvolvimento e oportunidade. O Nordeste de Amaralina, com seu carnaval único, sua gastronomia, seu patrimônio cultural e natural, só precisa de um olhar mais atento para integrar-se ao desenvolvimento que o turismo pode trazer. Enquanto isso, continuamos à margem de um dos maiores motores da economia de Salvador. Até quando?