Houve um tempo em que as torcidas do Bahia e do Vitória dividiam arquibancadas, bares e momentos de paixão pelo futebol sem ultrapassar os limites do respeito. Eram tempos de rivalidade sadia, onde a provocação ficava restrita ao campo das ideias e ao espírito esportivo. Mas esse cenário mudou drasticamente. O que antes era uma disputa animada e saudável se tornou um campo de batalha marcado por agressões, violência e até mortes.
A cultura da torcida mista, tão emblemática nos clássicos Ba-Vi, desapareceu. Hoje, a simples escolha de um time pode ser motivo de brigas nas ruas, desentendimentos entre amigos e até agressões nas redes sociais. A rivalidade ultrapassou os estádios e se tornou um reflexo de uma polarização extrema, semelhante à política no Brasil, onde adversários são tratados como inimigos.
O problema não se restringe mais às torcidas organizadas. A intolerância atingiu o torcedor comum, aquele que antes ia ao estádio com a família para viver a emoção do futebol. Agora, o medo e a insegurança afastam cada vez mais os verdadeiros amantes do esporte, enquanto a violência toma conta das arquibancadas e arredores.
E não são apenas os torcedores que perdem o controle. Recentemente, em um episódio lamentável, o técnico do Vitória protagonizou uma cena de desespero ao partir para cima de um jogador do Bahia. Se nem os comandantes conseguem manter a calma, como esperar que os jogadores e torcedores ajam de forma diferente?

A falta de respeito e o espírito belicoso transformaram o clássico Ba-Vi em um evento perigoso. Se a cultura da violência continuar a crescer, jamais voltaremos a ver um jogo com torcida mista. O futebol, que deveria ser um espaço de paixão e alegria, está se tornando um território de hostilidade e medo.
Está na hora de resgatar o verdadeiro significado da rivalidade: a competição saudável, a festa nas arquibancadas e o respeito acima de tudo. O futebol baiano precisa recuperar sua essência antes que seja tarde demais.