É hora de deixar de lado o pensamento vira-lata de que, por ser na favela, tudo precisa ser desorganizado. O caos não deve ser a norma, e aqueles que se incomodam com a organização é que deveriam se adaptar. Um exemplo claro dessa luta por uma comunidade mais organizada foi a remoção dos ônibus estacionados no final de linha do Nordeste de Amaralina, uma decisão que inicialmente trouxe melhorias significativas para a mobilidade urbana.
No passado, o final de linha era uma fonte constante de estresse. Eram discussões com despachantes, conflitos com motoristas e acidentes frequentes, gerando uma enxurrada de reclamações da população. A retirada das linhas de ônibus e a mudança na estrutura do transporte público local foram vistas como uma vitória para a comunidade. Com isso, veio a promessa de mais espaço, mobilidade para os pedestres e um ambiente mais organizado.
Porém, com o passar do tempo, o caos voltou a reinar no final de linha, agora, ironicamente, desenvolvido pela própria comunidade. Carros estacionados irregularmente, canteiros improvisados e barracas surgiram, transformando a área em um verdadeiro pesadelo, especialmente nos horários de pico. Os pedestres, que deveriam ser os mais beneficiados pela reorganização, são os mais prejudicados. Sem acostamento adequado, muitos são forçados a caminhar no meio da rua, enfrentando o perigo constante de acidentes.
Além da falta de espaço e segurança, o local carece de sinalização e planejamento. Não há diretrizes claras sobre como melhorar a situação, deixando moradores e visitantes à mercê da desordem. E o problema não se restringe ao final de linha. Na Santa Cruz, por exemplo, o cenário é semelhante. Motoristas de aplicativos, como Uber, evitam entrar na principal rua do bairro devido à desorganização, e os poucos que se arriscam a entrar o fazem com muita relutância.
O que estamos testemunhando é um retrocesso que vai contra o progresso alcançado com a retirada dos ônibus. A comunidade precisa se unir mais uma vez para exigir melhorias e não permitir que o caos se reinstale. A organização não é apenas uma questão de estética, mas de segurança, mobilidade e qualidade de vida para todos. É necessário que todos façam sua parte, respeitando as regras e trabalhando juntos para que o Nordeste de Amaralina possa avançar, sem perder as conquistas já alcançadas.
