O Que Fazer Nordeste de Amaralina

Dossiê: A Segregação no Carnaval do Nordeste de Amaralina

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O Carnaval do Nordeste de Amaralina cresceu, sua estrutura se expandiu e os investimentos do estado são cada vez maiores. No entanto, o que não cresceu foi a organização e a valorização da comunidade que constrói essa festa. É urgente reconhecer que a gestão do evento precisa ser renovada e melhorada.

A dualidade das associações carnavalescas

Um dos primeiros problemas estruturais do Carnaval no Nordeste de Amaralina é a existência de duas associações carnavalescas que, apesar de estarem à frente da organização, não promovem audiências públicas ou diálogos abertos com a comunidade. Enquanto placas, faixas e campanhas são espalhadas pelo circuito, a prática revela um cenário onde a população não vê retorno real desses investimentos.

O crescimento das mídias locais e a falta de valorização dos profissionais da comunidade

Nos últimos anos, as mídias comunitárias se consolidaram como agentes essenciais na cobertura do Carnaval. No entanto, esses profissionais são constantemente desvalorizados e excluídos das oportunidades geradas pelo evento.

  • Muitos blocos ignoram os talentos do bairro e contratam equipes de fora. As associações trazem profissionais externos que nem conhecem o circuito para desempenhar funções que poderiam ser realizadas por quem vive a realidade do Nordeste de Amaralina.
  • Pessoas de fora são contratadas para se autopromover dentro do circuito, ocupando espaços que deveriam ser destinados aos profissionais locais.

O uso comercial do circuito sem retorno real para a comunidade

O Carnaval do Nordeste de Amaralina se tornou uma vitrine comercial onde marcas lucram sem contribuir com o bairro. Um exemplo disso foi uma grande cervejaria, que não era patrocinadora oficial, mas realizou ações promocionais dentro do circuito através de uma associação que usou isso em suas redes sociais.

  • O grande problema não é a presença dessas marcas, mas sim a falta de transparência e de retorno para a comunidade.
  • Não há prestação de contas sobre os investimentos feitos, nem um plano claro para beneficiar os trabalhadores e comerciantes do bairro.

A exclusão de profissionais locais em ações do próprio estado

Um dos pontos mais preocupantes é a contratação de profissionais de outros estados para atuar em ações financiadas pelo próprio governo dentro do Carnaval do Nordeste de Amaralina.

  • Enquanto fotógrafos, videomakers e produtores de conteúdo da comunidade possuem todas as qualificações necessárias para fazer esse trabalho, as oportunidades são destinadas a pessoas de fora.
  • Essa segregação profissional escancara a falta de reconhecimento e o distanciamento das políticas públicas em relação à realidade da favela.

O Carnaval do Nordeste de Amaralina é feito pelo povo, mas não para o povo. A falta de estrutura, de transparência e de valorização dos profissionais locais precisa ser discutida. Se queremos um Carnaval mais justo, inclusivo e representativo, precisamos exigir mudanças e cobrar das gestões responsáveis um compromisso real com a comunidade.