O Que Fazer Nordeste de Amaralina

Joy Nigga: Um Multiartista que Leva o Pagodão Baiano à Universidade e Revitaliza a Cultura Periférica

Compartilhe nas mídias:

Joy Nigga, dançarino, coreógrafo, compositor, diretor criativo e stylist, é um multiartista que vem revolucionando a forma como a cultura do pagodão baiano é vista e vivenciada. Desde que começou sua trajetória profissional em 2012, integrando o Ballet Massacre Dance, Joy se destacou por mesclar o pagode baiano com influências do hip-hop, difundindo essa estética nas redes sociais e em importantes eventos culturais, como o Afropunk Bahia e o festival Salvador Fest. Agora, ele dá um novo passo em sua carreira ao ser convidado para ministrar aulas na UFBA (Universidade Federal da Bahia), consolidando sua missão de valorizar e legitimar o pagodão no cenário institucional.

Ocupando Espaços e Quebrando Barreiras

Para Joy Nigga, levar o pagodão para dentro de uma instituição de ensino tão prestigiada como a UFBA é um ato de resistência e representatividade. Ao lado de Guto Cabrall, ele tem trabalhado para inserir o gênero em espaços que muitas vezes o marginalizam. “O sentimento é de ocupação desse espaço, principalmente com um gênero que, apesar de aclamado por muitos, é descriminado pelo sistema. Nosso objetivo é fomentar o pagodão como parte essencial da nossa cultura”, afirma Joy.

Reprodução: Joy Nigga

Aulas que Conectam História e Técnica

Nas aulas, Joy planeja ir além da técnica, proporcionando uma compreensão profunda das raízes e da importância cultural do pagodão. “A parte teórica é super importante para saber de onde vem aquele movimento. O pagode baiano tem sua base em manifestações como os blocos afros indígenas e o samba de roda, que foram o ponto de partida da música baiana brasileira”, explica. Essa abordagem holística reforça o valor do pagodão como um patrimônio cultural.

Impacto na Academia e na Vida dos Jovens da Periferia

Joy acredita que o pagodão tem o poder de transformar a vida dos estudantes e de abrir novas perspectivas na academia. “Trazer o Pagodão para dentro da UFBA já é um marco importante. A ideia é mostrar o quanto ele é rico como cultura e como ele salva a vida de muitos jovens da periferia, como eu. Queremos que os alunos reconheçam e valorizem esse movimento como parte da nossa herança cultural”, ressalta o artista.

Desafios de Levar a Cultura Periférica ao Ambiente Acadêmico

Joy sabe que não será um caminho fácil. Ele antecipa as barreiras que podem surgir ao introduzir uma expressão cultural periférica em um ambiente elitizado, mas está preparado para enfrentá-las. “Sempre tem os contras, pessoas que não abraçam a ideia de o pagodão estar dentro desses espaços. Porém, é através da nossa arte, dança e comportamento que vamos mostrar a força do nosso gênero”, enfatiza.

Reprodução: Joy Nigga

Significado Pessoal e Comunitário

Para Joy, essa oportunidade representa uma conquista pessoal e um fortalecimento para a comunidade. “Isso representa pertencimento. Nós, que fomos formados pelo estudo da rua e pela vivência, estamos conquistando espaços de onde nunca deveríamos ter saído. O pagodão é ancestral e também é o futuro do nosso povo. Precisamos enxergá-lo como a grande potência que ele é”, afirma.

Próximos Passos: Expandindo o Pagodão Além da Universidade

Além das aulas na UFBA, Joy já ministrou aulas no Museu de Arte Contemporânea da Bahia, no Balé Folclórico da Bahia e no Barracão das Artes. Com planos para o verão, ele deseja ampliar essa presença, levando o pagodão para instituições públicas e privadas, tanto dentro quanto fora do estado. “Nossa ideia é disseminar nossa dança e cultura para todo o Brasil”, conclui Joy, determinado a continuar promovendo e consolidando o pagodão baiano como uma força cultural e educacional.