É difícil ouvir a verdade, mas nossa comunidade ainda está longe de se tornar algo atrativo para pessoas de fora. Mesmo bem localizada em Salvador, com praias, parques, carnaval, eventos, áreas e equipamentos esportivos atrativos e bonitos, economia própria e talentos em todos os ramos, nada disso é suficiente para nos tornar semelhantes às favelas do Rio de Janeiro, ou mesmo ao Centro Histórico, Candeal ou Liberdade.
A maior ferramenta de transformação de uma favela é a educação, o sentimento de pertencimento e, principalmente, o turismo. Mas, para essa mudança acontecer, é necessária uma mentalidade melhor. No Rio de Janeiro, existem mecanismos que envolvem o turismo, seja dentro ou fora das favelas, com vários profissionais atuando como guias turísticos, como é o caso de Carlos Alberto, Danrley Ferreira e outros.
Ver uma imagem aérea ou um vídeo de drone da nossa comunidade é lindo. Isso traz alegria, uma sensação boa e uma beleza surreal. Só assim temos a dimensão do quanto o complexo é grande. No entanto, fazer essas imagens é um caos. O problema parte dos próprios moradores, que nem se envolvem e entram em pânico ao ver um drone no ar, ou questionam quando subimos o equipamento. Os mesmos que questionam compartilham as fotos e vídeos depois, achando tudo bonito.
Essa realidade é difícil de entender. É literalmente complexo. Romantizam tanto o Rio de Janeiro e suas favelas, e querem associar o Nordeste a elas, mas não usam esses exemplos como base para as coisas boas, como o turismo, a economia criativa e os benefícios que uma exposição positiva traz.
Chegou a hora de mudar essa mentalidade ignorante, onde tudo que é bom é questionado ou barrado por todo o sistema. Só vamos evoluir como comunidade quando entendermos que a comunicação e informação positiva sobre o bairro são imperativas na sociedade.
Vamos aprender com os exemplos do Rio de Janeiro e transformar nossa comunidade em um lugar que todos queiram visitar, respeitar e valorizar.