O Que Fazer Nordeste de Amaralina

Nordeste Origens: A História Loteada do Nordeste de Amaralina

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Quando se trata de narrativas periféricas, é comum enfrentarmos discursos que tentam marginalizar a legitimidade das comunidades, classificando-as como invasões ou territórios clandestinos. Mas hoje, no quadro Nordeste Origens, trazemos uma prova viva e concreta que desmonta esse mito e resgata as raízes históricas do Nordeste de Amaralina, valorizando sua conexão com o passado.

Há muito quem propague a ideia de que nossa comunidade não passa de uma invasão, ignorando os fatos que moldaram o bairro como o conhecemos hoje. Porém, o que poucos sabem ou escolhem ignorar é que grande parte da área onde se encontra o Nordeste de Amaralina foi, sim, loteada de forma oficial. Esse processo começou com a Fazenda Amaralina, cuja vasta extensão de terras abrangia desde o Bompreço do Rio Vermelho e o Quartel de Amaralina até o Largo das Baianas, chegando ao interior nas áreas do Sítio Caruano, Rua do Norte e Vale das Pedrinhas.

A Fazenda Amaralina e os Primeiros Loteamentos

O ponto de partida dessa história está no alto do loteamento da Cidade Balneário de Amaralina, onde antigos trabalhadores da fazenda, pescadores e outras famílias receberam lotes arrendados. No entanto, com o tempo, a subdivisão dessas terras se deu de forma irregular, impulsionada pelo próprio interesse econômico dos proprietários originais, que incentivaram a venda de sub-lotes, promovendo os loteamentos clandestinos.

Um exemplo claro que sustenta essa história é o documento oficial de 1914, o título de propriedade em nome de Clemente Fernandes de Jesus. Na época, a aquisição de terrenos era formalizada na Igreja Nossa Senhora de Santana, no Rio Vermelho, reforçando mais uma vez a ligação direta entre o Nordeste de Amaralina e a comunidade de origem, tanto pela fé quanto pelas profissões marcantes de trabalhadores do litoral, como pescadores, lavadeiras e as históricas baianas de acarajé.

Raízes do Nordeste: Religiosidade e Profissões

A conexão entre o Nordeste de Amaralina e o Rio Vermelho vai além dos papéis. Ela representa no cotidiano das profissões que moldaram a comunidade e na forte religiosidade presente até hoje, evidenciada pela tradicional festa de Iemanjá. É a prova de que o Nordeste carrega história, cultura e um legado que resiste ao tempo e aos preconceitos.

Contra a Marginalização: Valorizando a História

Narrativas históricas como essas são essenciais para desfazer estigmas. Elas mostram que, ao contrário do que dizem, a comunidade do Nordeste de Amaralina tem, sim, origem, história e legitimidade. Não somos apenas frutos da luta cotidiana para sobreviver às adversidades de uma localidade periférica, mas sim uma prova viva de força, cultura e organização.

Agradecemos profundamente a contribuição da Alan Nunes, que, ao ceder uma fotografia histórica de seu acervo familiar, não apenas enriquece esta matéria como também fortalece a luta para desfazer as narrativas de marginalização que historicamente tentam nos rotular. Essa é a verdadeira essência do Nordeste de Amaralina: uma história de luta, pertencimento e conexão.

Essa é mais uma história contada por Nordeste Origens, mostrando a riqueza do passado que forma a base do que somos hoje.