Numa época em que o Brasil recebeu a vibração do movimento cultural Hip Hop, lá pelos anos 1980, a vida no Nordeste de Amaralina, mais especificamente em Salvador, ganhou toneladas de transformação. O país passou por turbulências aceleradas e crescimento populacional, com investimentos de empresas como Petrobrás e Odebrecht em Salvador, impulsionando a infraestrutura urbana.
Nesse cenário, surge uma dualidade entre os bairros de classe média, como a Pituba e o Caminho das Árvores, e a Região Nordeste de Amaralina, enclausurada entre essas áreas. O contraste socioeconômico e de investimentos criava uma aspiração nas comunidades carentes de fazer parte do “outro” espaço.
A música Hip Hop, através do Rap, tornou-se uma voz poderosa. Jovens talentosos expressavam, com confiança, as problemáticas enfrentadas, desde a criminalidade a subemprego. Eles retratavam a realidade que vivenciavam, sendo essa perspectiva única e particular, embora não absoluta.
Essa mesma semelhança brilha na Região Nordeste de Amaralina, e em outras áreas periféricas de Salvador, muitas vezes reduzidas a estereótipos sociais. No entanto, o Movimento Hip Hop se ergue como uma voz das classes baixas urbanas, rejeitando a marginalização, e construindo identidades.
Vamos destacar dois rappers que personificam essa luta e confiança.
Mr. Armeng
Maurício dos Santos Souza, o Mister Armeng, é um veterano do Nordeste de Amaralina, cantando sobre sua casa há 18 anos. Influenciado pela percussão baiana, herdada do pai que cantou em blocos afros famosos, como Apaches do Tororó e Ilê Aiyê, Armeng criou seu estilo, misturando reggae, rap e rock. Sua vitória no Breakout Brasil o lançou nacionalmente, com a oportunidade de gravar pela Sony e produção de Dudu Marote. Atualmente como produtor cultural, é o maior fomentador do movimento no bairro.
Moura X: Nova Geração, Mesma Essência
Maurício Teles Cardoso, MouraX 32 anos, traz um novo sabor à cena. Nascido em Salvador, África Bahia, ele mistura ritmos e grooves com mensagens de anti-racismo e empoderamento negro. Suas rimas cheias de vivência e ancestralidade se destacam na cena atual, mostrando que a essência do Hip Hop continua forte.
O Hip Hop moldou e desafiou o Nordeste de Amaralina, transcendendo estereótipos e elevando vozes. Essa jornada de meio século é uma celebração da força e resiliência da cultura, e da maneira como ela inspira a mudança.
Cultura em Movimento: Grafite, Grupos e DJ’s
O Nordeste de Amaralina é uma verdadeira incubadora de talentos no universo Hip Hop. O grafite que colore os muros, grupos se formam e DJ’s mixam batidas únicas. Hoje, mais de 50 artistas da nova geração viveram essa cultura pulsante. Se você quer conhecer mais sobre essas histórias inspiradas, dá uma passada em nosso perfil. E não podemos deixar de exaltar o “Beco da Cultura”, um berço de talentos que moldou muitos artistas na comunidade ao longo dos anos.
