Nas principais festas do Nordeste de Amaralina tem se tornado cada vez mais comum encontrar crianças e adolescentes consumindo bebidas alcoólicas. Nas festas cotidianas, que acontece aos finais de semana em diversos pontos do bairro, o número de menores de idade ingerindo bebidas alcoólicas é alarmante.
Na 24° edição do Forró de São Pedro da Sucupira que aconteceu no bairro da Santa Cruz do dia 07 ao dia 09 de julho, também foi possível observar crianças e adolescentes fazendo o consumo precoce de álcool.
Quem frequenta ambas as festas conseguem observar que encontrar crianças consumindo bebida não é algo tão incomum. Em vários momentos é possível observar os pais presentes, mas a atitude dos filhos não parece incomodar.
De acordo com dados levantados pelo Centro de Informação sobre Saúde e Álcool (CISA), divulgados em uma pesquisa de 2022, os adolescentes que experimentam álcool antes dos 15 anos, aumentam em até 4 vezes o risco de desenvolver dependência. Os dados também apontaram que no mundo todo, cerca de 26,5% dos jovens entre 15 e 19 anos consumiam bebida alcoólica com frequência em 2021, o equivalente a 155 milhões de pessoas.
O formando em psicologia, morador do Nordeste de Amaralina e diretor do O Que Fazer no Nordeste, Carlos Dantas, 22, alertou para os riscos do alcoolismo na infância, destacando que o fácil acesso às bebidas e a falta de fiscalização nas comunidades, pode ser um fator fundamental para o crescimento dos casos.
‘’O álcool no Brasil é muito fácil de ser acessado, principalmente nos bairros periféricos. A maioria dos jovens buscam o álcool por imaturidade, por não ter noção dos limites do consumo de bebidas. Existe também uma pressão social enorme em volta dos jovens, por muitos acharem que o consumo de bebidas é uma questão de status’’, disse.
A criação na infância também pode fazer a diferença. Segundo Carlos, é fundamental preservar essa fase para que os comportamentos nocivos dos pais não se reflitam sob os filhos. ‘’Os jovens refletem seus comportamentos nos adultos, familiares e pessoas próximas. A gente tem que ter noção que é de grande importância preservar a infância, uma das fases mais importantes das nossas vidas’’, afirma.
O álcool é uma substância psicoativa, que quando consumido sem controle pode trazer uma série de problemas de saúde como distúrbios mentais e comportamentais, doenças não transmissíveis como cirrose hepática, alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares.
Todos esses malefícios podem aparecer ainda mais cedo se a bebida começar a ser consumida antes da idade adequada, explica Carlos.
‘’O cérebro humano continua se desenvolvendo até o início da idade adulta, até os 25 anos, então beber álcool antes dessa idade pode trazer consequências a longo prazo. Os pais precisam ter uma abordagem preventiva desde cedo, pois o consumo do álcool pode causar alterações físicas e mentais, prejudicando as relações familiares e causando uma queda no desenvolvimento escolar e social’’, explica.
Os pais são peças fundamentais para evitar que esse problema se desenvolva. As famílias que tendem a consumir álcool na frente de crianças podem servir como ponte para o alcoolismo precoce.
‘’Precisamos observar como é o relacionamento das crianças com os pais e qual o controle eles tem sob a liberdade dos filhos. A criança que cresce onde o consumo de álcool é comum, pode acabar vendo a bebida como parte normal da vida cotidiana e começar a consumir cedo. Muitas vezes os próprios familiares oferecem para que criança experimente, e isso faz com que ela queira provar novamente ainda mais cedo. Na adolescência, o álcool pode acabar se tornando uma fonte de escape’’, explica.
Siga a nossa mídia no Instagram