No Nordeste de Amaralina, uma comunidade historicamente marginalizada e carente de atenção governamental, o dia 12 de outubro se transformou em um dos maiores símbolos de união e solidariedade. Muito mais do que uma data para celebrar o Dia das Crianças, este dia reflete a capacidade de organização e o espírito solidário dos moradores, que, ano após ano, demonstram que, mesmo diante da ausência do Estado, é possível fazer a diferença.
A Força do Dia 12 de Outubro
Enquanto muitos associam o Nordeste de Amaralina a aspectos negativos, o que se vê nas ruas da comunidade no dia 12 de outubro é justamente o oposto. A data, que para alguns é motivo de crítica, representa um momento único de mobilização comunitária, com moradores se organizando de maneira autônoma para realizar atividades voltadas para as crianças do bairro.
Em diferentes ruas e becos, grupos locais promovem festas, distribuem brinquedos e proporcionam momentos de alegria para os pequenos. Essas ações, muitas vezes, são feitas sem nenhum apoio institucional, revelando a capacidade do povo do Nordeste de Amaralina de suprir, por conta própria, a falta de políticas públicas efetivas.
Autonomia e Resistência
O que mais impressiona é a forma autônoma com que essas iniciativas acontecem. Moradores se unem, arrecadam recursos e organizam eventos que impactam diretamente a vida das crianças e famílias da comunidade. É a solidariedade que move essa data, não o apoio estatal.
Infelizmente, o poder público permanece ausente. Políticos eleitos pela própria comunidade frequentemente se esquivam de suas responsabilidades, alegando que “não foram procurados”. Essa postura revela a desconexão entre os representantes e o povo que deveria ser representado. Enquanto isso, o 12 de outubro segue sendo realizado graças à união dos moradores, que muitas vezes precisam recorrer ao sistema paralelo para garantir que as crianças tenham o que celebrar.
A Oportunidade e o Oportunismo Político
Embora muitos moradores se mobilizem de forma autônoma, há também aqueles que se aproveitam dessa data para autopromoção. Candidatos e políticos aparecem nas ruas no dia 12 de outubro, distribuem presentes, tiram fotos e somem até o próximo ciclo eleitoral. A comunidade, no entanto, já conhece essa estratégia e não se deixa enganar pelas aparições esporádicas.
A realidade é que, se dependesse do Estado, muitas das atividades realizadas no dia 12 de outubro não aconteceriam. As crianças do Nordeste de Amaralina são constantemente ignoradas em políticas públicas e projetos afirmativos, o que apenas reforça o caráter simbólico e resistente desses eventos organizados pelos próprios moradores.
O papel do sistema paralelo no suporte a essas ações também é inegável, especialmente nas áreas mais vulneráveis e até na orla. Ainda que controverso, sua atuação muitas vezes é o que possibilita a realização dessas festas, garantindo que as crianças tenham um dia especial. Com o tempo, essa realidade vai se normalizando e os papéis parecem se inverter: enquanto o poder público permanece omisso, a comunidade, seja com apoio formal ou não, segue fazendo o que precisa ser feito.
O dia 12 de outubro, portanto, é uma expressão não apenas de resistência, mas também de resiliência. Ele mostra que, mesmo diante da falta de recursos e do abandono do Estado, o espírito solidário do Nordeste de Amaralina permanece vivo. A comunidade, que tanto luta contra o estigma e a marginalização, prova que está disposta a se unir e a se fortalecer, mesmo que tenha de fazer isso sozinha.