Se você é morador do Nordeste de Amaralina, já deve ter percebido algo diferente neste ano: o clima de tensão que nos acostumamos a viver parece ter dado uma trégua. Menos manchetes sensacionalistas, menos conflitos aparentes. Mas será que isso significa que os problemas sociais desapareceram? Infelizmente, não.
A verdade é que o “ano pacífico” que estamos vivendo é uma espécie de calmaria artificial, diretamente ligada ao período eleitoral. A necessidade de manter as aparências para impressionar eleitores de fora está ditando essa mudança. Afinal, o Nordeste de Amaralina é uma das maiores zonas eleitorais de Salvador, e qualquer evidência negativa afeta a percepção de quem vai às urnas.
O Impacto da Militância e o Silenciamento Momentâneo
Um fator que também contribui para essa “paz” temporária é a militância forte dos moradores, que estão cada vez mais defendendo o bairro nas redes sociais e nos espaços públicos. Essa luta constante tem sido um dos motores para desviar o foco das narrativas negativas e dar visibilidade a outras questões que precisam de atenção.
No entanto, é impossível ignorar que essa mudança é puramente circunstancial. Enquanto estamos aproveitando algumas melhorias pontuais – como serviços básicos funcionando de maneira mais eficiente ou uma maior sensação de segurança – sabemos que tudo isso é temporário. Com o fim das eleições, a realidade volta com força total: insegurança, confrontos entre facções e a estigmatização do bairro nos meios de comunicação.
A Ilusão das “Melhorias Momentâneas”
Esse cenário traz um sentimento ambíguo. Por um lado, é positivo ver a comunidade com um pouco mais de tranquilidade, sem ser o centro das atenções por motivos ruins. Por outro, há o conhecimento amargo de que, no próximo ano, os problemas vão emergir novamente, provavelmente com ainda mais intensidade. A sensação de que estamos apenas “tampando o sol com a peneira” é difícil de ignorar.
O Papel da Comunidade: O Que Vem a Seguir?
E o que podemos fazer enquanto comunidade? É essencial que, mesmo em meio à aparente calmaria, não nos deixemos enganar. Precisamos continuar alertas e militantes, cobrando soluções reais e permanentes para os problemas estruturais que afligem o Nordeste de Amaralina. As eleições passarão, mas a nossa luta precisa continuar.
Sabemos que, quando os holofotes políticos se apagarem, a realidade do bairro voltará com força. Precisamos estar preparados para, juntos, seguirmos lutando por uma vida digna e justa para todos. Não podemos depender de um ciclo eleitoral para garantir o básico que merecemos.
A pergunta que fica é: estamos prontos para enfrentar essa realidade quando o ano pacífico acabar?