Chovia. Mas, em São Lázaro, a chuva não era barreira, era cenário. Depois de dias de incertezas, adiamentos e polêmicas, o samba voltou ao coração do bairro. E voltou com a força de quem não perde sua essência, mesmo diante das dificuldades. Nesta sexta-feira, o retorno do Samba de São Lázaro foi um convite à celebração e à resistência, provando que, mesmo nos desafios, o samba é um ato de fé e união.
O tema da noite era claro: vestir branco e deixar que a paz e a harmonia guiassem cada passo de dança. O público aceitou o chamado e transformou as ruas do bairro em um mar de luz e esperança. Nem a chuva que insistia em cair conseguiu afastar os apaixonados pela roda de samba, que, com pés no chão e coração na batida, fizeram daquela noite uma das mais especiais do ano.
Samba e Alegria: Um Ritual de Comunhão
O evento, que completou dois anos de história, carregava em cada nota musical o peso e o orgulho de ser um espaço de resistência cultural. Começando às 18h e encerrando às 22h, como ordenado, o samba aconteceu em perfeita sintonia com a comunidade. Alegria transbordava pelos sorrisos, pelos braços erguidos e, claro, pelos pés que dançavam no ritmo do surdo.
O som, simples, mas potente, foi um destaque por si só. Não era sobre estruturas grandiosas ou equipamentos de última geração. Era sobre a vibração coletiva, o coro entoado por vozes cheias de paixão, e a cadência natural que só quem carrega o samba no peito consegue oferecer. Era o “puro suco de Salvador” genuíno, envolvente e inesquecível.
Um Evento para Todos
As famílias ocuparam as ruas, transformando o evento em um verdadeiro espaço de convivência e inclusão. Crianças, jovens e idosos compartilharam o mesmo espaço, mostrando que o samba de São Lázaro é mais do que uma festa; é uma celebração de comunidade e pertencimento. A organização e a energia positiva também foram grandes protagonistas da noite, deixando no ar o desejo de que noites como essa se tornem ainda mais frequentes.
A Falta que Fazem os Banheiros
Mas nem tudo foi motivo de celebração. O ponto negativo, que já se tornou uma reclamação recorrente, foi a ausência de banheiros químicos no local. Com a falta de estrutura básica, muitos recorreram às ruas, criando desconforto e reforçando a necessidade de melhorias para eventos futuros. Um detalhe que, apesar de pequeno, impacta a experiência de quem deseja apenas aproveitar a magia do samba sem preocupações.
O Samba Como Ato de Resistência
O retorno do Samba de São Lázaro não foi apenas um evento, foi uma mensagem. Em um contexto de denúncias e obstáculos que poderiam ter silenciado sua voz, ele se ergueu com ainda mais força, como uma forma de resistência cultural. Não é só música; é memória, identidade e vida.
Para quem esteve lá, ficou a lembrança de uma noite mágica, onde até a chuva parecia dançar no compasso do samba. Para quem não foi, fica o convite para a próxima edição, com a certeza de que o Samba de São Lázaro continua firme, forte e irresistível. Afinal, em Salvador, onde há música, há alegria. E onde há samba, há esperança.
