O Que Fazer Nordeste de Amaralina

ORIGENS – A RESISTÊNCIA DO NORDESTE DE AMARALINA

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Com 70 anos de fundação, o Nordeste de Amaralina é uma comunidade que se destaca como uma verdadeira cidade no meio à metrópole de Salvador. Muitos conhecem apenas o final da linha de cada bairro que compõe nossa região, mas é importante entender que o Nordeste de Amaralina é subdividido em quatro partes: Santa Cruz, Chapada, Vale das Pedrinhas e o próprio Nordeste de Amaralina. Entretanto, essa região histórica tem sido alvo de marginalização e especulações imobiliárias devido à sua excelente localização.

Para compreender toda essa história, é necessário voltar às nossas origens e entender como o bairro foi fundado. De acordo com um estudo da Escola de Arquitetura da UFBA em 1974, aproximadamente 30% da população da Região Nordeste de Amaralina era oriunda do Recôncavo Baiano. A região se desenvolveu em quatro fazendas: Amaralina (antiga Fazenda Alagoas), Ubaranas, Pituba e Santa Cruz, originalmente pertencentes à sesmaria Ilha de Itaparica.

Com a falência do sistema de capitanias hereditárias, os nobres portugueses tomaram posse das terras. Em 1932, a Prefeitura de Salvador aprova a criação dos loteamentos: Cidade Balneário Amaralina, Cidade da Luz (Pituba), e Ubaranas, que se constituíram em regiões de veraneio para a elite baiana da época. Inicialmente formada por uma pequena colônia de pescadores, começa, a partir daí, uma invasão nas áreas das fazendas pela população pobre que vinha em busca de empregos. O primeiro núcleo populacional do Nordeste de Amaralina localiza-se na área do Loteamento Ubaranas, espaço hoje conhecido como Areal (Santa Cruz). A invasão, por outro lado, foi mais difícil nas áreas da Fazenda Pituba, que ia da orla até o bairro de Brotas, envolvendo a Santa Cruz e o Parque da Cidade.

O administrador da fazenda, Sr. Joventino Pereira da Silva, ficou conhecido na Região por colocar capangas para proteger a propriedade. O loteamento, Santa Cruz foi proposto em 1951 obtendo aprovação da prefeitura em 1954.

Nos anos 50, o Nordeste de Amaralina suscita uma nova ameaça: as imobiliárias, interessadas na compra dos casebres e áreas livres para a construção de prédios. A especulação imobiliária é a compra de bens imóveis com o objetivo de vendê-los ou alugá-los posteriormente, na expectativa de que seu valor de mercado aumente com o tempo.

Esse processo resultou no Decreto-Lei Municipal n° 5.403/78, assinado pelo Prefeito Fernando Wilson em 17 de junho de 1978, que criou a Zona Homogênea Nordeste de Amaralina, abrangendo os quatro bairros da região. O decreto visava assegurar a criação de uma reserva ambiental e possibilitar um melhor planejamento urbano na área. No entanto, representantes e lideranças comunitárias do bairro afirmam que a especulação imobiliária na RNA é um dos principais motivos que prejudicam toda a população residente até os dias atuais.

Conte conosco para seguir contando essa história e mostrando a essência do Nordeste de Amaralina, uma comunidade que luta e resiste ao longo dos anos. Aguarde a Parte 3, onde abordaremos as iniciativas de preservação ambiental e ações de fortalecimento da identidade local.