O Que Fazer Nordeste de Amaralina

Por que as coisas e oportunidades no Nordeste acabam?

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Carregamos um fardo pesado. Um fardo de estigmas, preconceitos e uma realidade dura que se perpetua não apenas por olhares externos, mas também por vozes internas. A região Nordeste de Amaralina, rica em história, cultura e força, sofre, há décadas, os impactos de uma divisão que começou com o processo de urbanização e cresceu com o aumento populacional. O resultado? Guerras de ruas, rivalidades de bairros e, o mais triste, a perda do sentimento de pertencimento por parte dos próprios moradores.

Divisões que Machucam e Isolam

A delimitação entre bairros, que deveria representar apenas organização geográfica, tornou-se uma linha de separação cultural e social. Frases como “Quem é da Santa Cruz não presta” ou “Boqueirão e Globo é só violência” ecoam entre os próprios moradores, alimentando um discurso elitista e de exclusão. Esse tipo de narrativa enfraquece os laços comunitários e afasta a representatividade.

Essa mentalidade destrutiva não apenas corrói o orgulho local, mas também tem consequências práticas: projetos sociais e instituições que beneficiam centenas de famílias acabam encerrando suas atividades por falta de apoio e pela propagação de estigmas. A Pequena Fraternidade, uma ONG que funcionou no Boqueirão por 18 anos, é um exemplo doloroso dessa realidade. Sua luta contra a vulnerabilidade social foi interrompida pelo peso dos preconceitos que o local carrega.

Hoje, enfrentamos a mesma situação com o CAENA (Centro Avançado de Empreendedorismo do Nordeste de Amaralina), que já impactou cerca de 2.000 jovens e famílias. Suas ações incluem bolsas remuneradas, formação empreendedora e oportunidades de crescimento profissional. Ainda assim, seu impacto não é amplamente reconhecido, em grande parte, porque sua sede está localizada na rua Nossa Senhora da Conceição, um lugar estigmatizado como perigoso e marginalizado.

Quando a Mentira Vira Verdade

Existe um ditado que diz: “Uma mentira contada várias vezes se torna verdade.” Transformaram ruas repletas de histórias e potencial em territórios marcados por uma falsa percepção de guerra. Para muitos, o Boqueirão se tornou uma “Faixa de Gaza”, um “campo de batalha”, onde confrontos e tragédias são esperados diariamente. Esse discurso não apenas prejudica os moradores, mas também afasta investimentos, projetos e oportunidades que poderiam mudar essa realidade.

Não se trata de tapar o sol com a peneira. Sabemos das dificuldades, da violência e das problemáticas que assolam toda a comunidade. Mas será justo que o maior bairro do Nordeste de Amaralina, com sua diversidade e potencial, pague o preço por uma minoria?

Unir para Pertencer

Até quando vamos alimentar essa narrativa? Até quando nós, os próprios moradores, vamos discriminar nosso próprio lugar e nossas raízes? É possível resgatar o sentimento de pertencimento que explode no Carnaval e torná-lo uma constante em nossas vidas?

Enquanto acreditarmos que morar em uma área menos vulnerável nos torna superiores, estaremos perpetuando a divisão. Somos uma só comunidade. Enfrentamos os mesmos desafios. E, juntos, podemos transformar essa realidade.

A mudança começa com o reconhecimento de que a força da nossa comunidade está na união. Só assim conseguiremos romper as barreiras do preconceito e reconstruir o orgulho de sermos Nordeste de Amaralina, todos os dias do ano.

Que o brilho da nossa gente supere as sombras do estigma. Que possamos, de mãos dadas, escrever um futuro mais justo, mais unido e mais forte.