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Protesto na Areia: Barraqueiros se revoltam contra novas regras na praia do porto da Barra

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O Porto da Barra, um dos principais cartões-postais de Salvador, amanheceu diferente. O cenário movimentado, repleto de cadeiras, sombreiros e barracas, deu lugar a uma faixa de areia vazia, reflexo do descontentamento dos barraqueiros com as novas regras impostas pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop). O protesto silencioso escancarou o impacto das mudanças e a insatisfação de quem sobrevive do trabalho na praia.

O que mudou?

As novas diretrizes da Semop restringem a quantidade de kits compostos por uma mesa, um sombreiro e quatro cadeiras que cada barraqueiro pode utilizar. Além disso, determinam um espaço limitado entre o Forte São Diogo e o Forte de Santa Maria para o trabalho dos ambulantes. A justificativa? As queixas de banhistas sobre a superlotação da areia e a dificuldade de circulação.

A fiscalização começou neste final de semana e, apesar de muitos barraqueiros seguirem as normas, alguns ultrapassaram os limites estabelecidos e acabaram notificados. Mas, para quem vive do comércio na praia, a mudança representa mais do que um simples ajuste: é um golpe direto no sustento de muitas famílias que há anos fazem parte do cotidiano do Porto da Barra.

A revolta dos barraqueiros

Diante da imposição das novas regras, os trabalhadores decidiram agir. Para demonstrar a insatisfação, esvaziaram a faixa de areia, deixando o Porto da Barra com uma aparência incomum. Para eles, a medida prejudica diretamente suas vendas e ignora a realidade de quem depende desse espaço para sobreviver.

“Não somos contra organização, mas limitar o nosso trabalho sem diálogo é complicado. Todo mundo aqui vive disso. Quem vem pro Porto quer conforto, quer cadeira, quer sombra. O que estão fazendo vai prejudicar não só a gente, mas também o turista que escolhe essa praia pelo serviço que oferecemos”, desabafa um dos trabalhadores.

Enquanto a Semop mantém a fiscalização e promete continuar monitorando a aplicação das regras, os barraqueiros seguem questionando: até que ponto essas mudanças realmente visam a organização do espaço, e até onde elas interferem no direito de trabalhar?

A faixa de areia vazia é um protesto silencioso, mas com um recado bem claro: sem diálogo, a conta dessa mudança vai pesar e muito para quem sempre fez do Porto da Barra um dos lugares mais acolhedores de Salvador.