O Que Fazer Nordeste de Amaralina

Samba de São Lázaro: Resistência Cultural e a Luta Pelo Retorno

Compartilhe nas mídias:

Em meio a uma semana marcada por debates sobre a preservação da cultura e da memória afro-brasileira, o Samba de São Lázaro, na Federação, enfrenta uma batalha pela sua continuidade. Após o encerramento abrupto que escancarou a falta de diálogo e suporte do poder público, o movimento agora busca reverter essa decisão com articulações importantes entre trabalhadores, moradores, e representantes de diferentes setores da sociedade.

Nesta semana, um passo crucial foi dado. Representado pela Frente Nacional de Negros e Negras (FNN), o samba esteve no centro de uma reunião decisiva que reuniu figuras do poder público, como Transalvador, Sedur, Polícia Militar, além de vereadores, moradores e trabalhadores do evento. No encontro, não apenas foram debatidas as denúncias de perturbação do sossego e questões de trânsito, mas também foi exposta a real dimensão social, cultural e econômica que o samba representa para Salvador.

Diante das acusações de desordem, ficou claro: o problema não é o samba. A manifestação, aberta e gratuita, é símbolo de resistência cultural e inclusão social, mas tem sido tratada como um incômodo, enquanto outras áreas problemáticas da cidade permanecem ignoradas.

Uma proposta de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi apresentada pelos organizadores, demonstrando disposição para cumprir normas que possam equilibrar os interesses de todos os envolvidos. Ainda sem uma decisão concreta, uma nova reunião será agendada para análise mais detalhada do TAC.

Enquanto o processo se arrasta, o impacto é sentido diretamente por quem fazia do samba o sustento de suas famílias. Trabalhadores e ambulantes enfrentam uma queda drástica nas vendas e maior vulnerabilidade social. São mães e pais de família que agora vivem à mercê de uma resolução que parece distante.

O Apelo da Sociedade
O samba em São Lázaro nunca foi apenas um evento de lazer. Ele é um espaço de encontro, celebração da cultura negra e sustento econômico para muitas famílias. É, acima de tudo, um patrimônio cultural que não pode ser apagado pela negligência ou pelo preconceito estrutural que marca a relação entre o Estado e as manifestações populares em Salvador.

A luta pelo retorno do samba não é apenas pela festa, mas pela preservação de uma história que atravessa gerações. É uma luta pelo direito à cultura, ao trabalho e à existência de um povo que resiste há séculos.

Resta à sociedade unir forças e pressionar para que o poder público compreenda que a cultura é essencial, não apenas como identidade, mas como um pilar econômico e social. O Samba de São Lázaro não pode acabar. Ele é uma voz que canta resistência, alegria e pertencimento – e precisa continuar a ecoar na Federação.