Recentemente publicamos uma matéria com o título “a resiliência e representatividade do Hip Hop no Nordeste de Amaralina”, essa pauta surgiu para falar sobre o movimento Hip Hop dentro do nosso bairro e para divulgar o evento “Favela Groove” que aconteceu na última sexta feira (09/08/24) no espaço Gueto Lounge, o evento foi uma iniciativa do artista Moura X, nascido e criado no bairro, que reuniu outros artistas que também são do bairro para promover o movimento Hip Hop.

No instagram, essa publicação gerou bastante polêmica, com destaque para o comentário de um dos seguidores afirmando que o ritmo tem poucos adeptos, já que a maioria do bairro gosta mesmo é de paredão, finalizando o seu comentário da seguinte forma: “hoje os jovens não estão dando valor a música feita com qualidade para eles, resumindo o hip hop no complexo morreu”. Pesado né? Mas talvez ele tenha razão. O que você pensa sobre isso?

Foto: Jeferson Fotografias
Desde já confesso que fica difícil me opor a afirmação de que a maioria do bairro gosta de paredão, é inegável que o paredão atrai muita gente, sobretudo os mais jovens. Mas eu fico me perguntando, por que será? Talvez por que somente isso é oferecido para eles? Será que dentro do bairro faltam pessoas interessadas em propor algo diferente? Incluindo os empresários, produtores culturais e até os meios de comunicação do nosso bairro… Perguntas e dúvidas em relação a isso não vão faltar, mas vou continuar essa análise aqui, porque eu realmente quero descobrir se o hip hop no complexo morreu, então vamos lá…
Faltam artistas do movimento Hip Hop?
Aproveitando as respostas no polêmico comentário desse seguidor, dessa vez, destaco a resposta do artista e produtor cultural Mr. Armeng que traz dados e informações muito relevantes sobre a cultura Hip Hop dentro do nosso bairro, “temos mais 50 de artistas ativos da cultura Hip Hop nos 4 elementos”, em seguida ele cita o instagram da @_h2.na que é uma organização sócio cultural atuante no Nordeste de Amaralina como referência em ações e iniciativas artísticas e culturais.

Faltam iniciativas artísticas e culturais?
De fato, se você explorar o feed dessa página, vai encontrar diversos eventos e projetos que já são realizados há muito tempo, são vários artistas do Hip Hop e de diferentes gêneros musicais, grupos e movimentos culturais participando, mas será que só se resume a música e entretenimento? Não! Também tem iniciativas ligadas a educação, você vai encontrar projetos como a mostra de Hip Hop que aconteceu esse ano na escola municipal Zulmira Torres, oferecendo aos alunos oficinas dos 4 elementos da cultura Hip Hop, incluindo dj (música), rap (poesia), grafite (artes visuais) e breakdance (dança).

Falta um estúdio musical para o Hip Hop?
No dia 04/05 desse ano, foi publicada aqui no site essa matéria falando sobre o projeto Encantando A Quebrada, para resumir, é um estúdio musical localizado no Nordeste de Amaralina para artistas locais e também de Salvador, além da produção musical, ele tem diversas ações sociais e comunitárias, conta também com o podcast “Papo de Melhoria”, com o objetivo de promover discussões relevantes e enriquecedoras sobre questões que afetam a comunidade.
Boa parte dos artistas desse estúdio produzem trap que é um subgênero do rap, caracterizado pelo uso de batidas lentas e pesadas, com um forte uso de sintetizadores, as letras das músicas falam sobre temas relacionados ao cotidiano urbano nas favelas, drogas, sexo, dinheiro e poder.
Além desse estúdio musical, dentro do Nordeste de Amaralina, também temos o coletivo de artistas Favellê Music que faz suas produções no Quabales e a Corporação Sound Cria, ou seja, mais outros dois lugares onde é possível produzir música.
Faltam espaços para a realização de eventos?
Os eventos realizados pela H2NA já aconteceram em diferentes lugares, como a sede ACNA localizada no Sítio Caruano, na rua, com pelo menos dois eventos realizados, um no final de linha do Vale e outro no final de Linha do Nordeste. O Favela Groove aconteceu no espaço para festas e eventos Gueto Lounge e há pouco tempo atrás, teve o lançamento do clipe musical de alguns artistas do Encantando A Quebrada que aconteceu no Churras Grego, um bar/restaurante localizado no bairro.
Evidentemente não faltam espaços para eventos, não faltam lugares para a produção musical, não faltam artistas e não faltam iniciativas artísticas e culturais. Depois disso tudo, eu não sei você, mas eu cheguei a uma conclusão, sabe qual?
O Hip Hop no Nordeste de Amaralina não morreu!

Foto: Carlos Fotocria
Muito pelo contrário, ele continua vivo, são muitos projetos e movimentos que estão aí acontecendo diariamente, mantendo essa cultura forte e viva, revelando talentos, educando e salvando vidas. Espero que todos os produtores, artistas, empresários e comunicadores, continuem atuantes, fomentando esse movimento que é muito mais que música, é um estilo de vida.